A importância do brincar – Psicologia Infantil
É através do brincar que acessamos os conteúdos internos de uma criança. E quando nos propomos a atender uma criança, devemos nos perguntar se teremos condições de oferecer um espaço propício para isso. Sabemos que as crianças não expressam seus sentimentos e emoções como fazem os adultos, elas verbalizam menos e tem outras formas de comunicações. Por esse motivo, o atendimento à elas é feito de forma lúdica, ou seja, “brincando” (desenhos, jogos, massinhas, etc.). O diálogo promovido através do brincar diferencia a criança do seu mundo concreto e a leva até a mais profunda imaginação e simbolismo. Nenhuma criança brinca por brincar. Nas brincadeiras e jogos, as crianças expressam o simbolismo daquilo que lhes é impedido de falar. Eis que o lúdico na psicoterapia infantil favorece vias de comunicação e abre caminhos para expressar o que a criança está sentindo. Na psicoterapia, os jogos e brincadeiras são utilizados como instrumentos para promover uma intervenção mais saudável e menos diretiva, além de um caráter potencializador, clínico e criativo. Durante a intervenção lúdica, é possível que a criança alcance a esfera dos encobrimentos e das invisibilidades do seu interior que ultrapassam a consciência, experiências que abrem portas à superação da fragilidade e que fortalecem a mobilização de vínculos mais profundos. A intervenção através da ludoterapia é de grande importância na clínica, pois a partir do brincar a criança transcende uma ação e eleva o contato afetivo a um patamar mais sólido e envolvente em relação ao seu existir. Toda brincadeira estimula a capacidade de desenvolvimento mais saudável, sendo fundamental para a superação de vários aspectos do mundo infantil. Os jogos proporcionam interação, são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo como memória, linguagem, atenção, concentração e percepção. Isso, além do desenvolvimento motor, psíquico e emocional. Atualmente existem diversos recursos que possibilitam o trabalho no ludodiagnóstico, mas você não precisa dispor de todos eles para iniciar a sua prática clínica com crianças, o importante é que a escolha dos materiais e do ambiente pelo psicoterapeuta seja cuidadosa, permitindo que a criança exponha a sua realidade psíquica. O seu papel é fundamental na escolha do material e ambientação do espaço no processo ludodiagnóstico. Pois, esta escolha, feita adequadamente, estimula a criatividade da criança, a expressão de seus conteúdos internos de forma livre e a exposição de conflitos e fantasias. O que viabiliza um espaço facilitador para a ressignificação de conteúdos durante o processo. Além disso, use e abuse da sua criatividade! É possível confeccionar recursos maravilhosos no dia-a-dia da nossa prática clínica infantil.
Simone Mendes – psicóloga, especialista em TCC e cuidado infantil.