Participação dos pais na terapia – Psicologia Infantil
Para a terapia infantil ser efetiva, os pais e o terapeuta precisam andar juntos, falar a mesma linguagem e construir uma relação de parceria. Quando os pais se envolvem com o processo terapêutico dos filhos, o trabalho tende a fluir de uma forma muito mais eficaz. Mas como ter esse envolvimento dos pais no processo, se muitas vezes a principal dificuldade é justamente em lidar com eles? Estamos falando de uma relação muito importante para o nosso trabalho e para o desenvolvimento dos pequeninos com os quais trabalhamos. E como toda relação, precisa de cuidado e investimento. O contato contínuo com os pais propicia que estes se apropriem do processo terapêutico dos filhos, podendo acompanhar o progresso e a evolução, dando ao psicólogo feedbacks que subsidiarão a sua intervenção. Devemos criar um espaço de escuta para os pais, onde as questões individuais e familiares possam ser trabalhadas, colaborando para a melhora dos filhos. Não se trata de psicoterapia para os pais, mas do acompanhamento familiar visando o progresso terapêutico da criança. Havendo a necessidade de atendimento psicológico dos pais, o psicólogo os encaminhará para outro profissional. É importante que os pais tenham a segurança de que a qualquer momento podem interpelar o profissional, seja para esclarecimentos, pontuações ou recombinações. É importante manter os pais informados sobre o processo terapêutico do seu filho. Cada profissional deve buscar a melhor forma para se comunicar com os pais. Muitos profissionais sugerem que a cada quatro encontros com a criança, deve-se marcar uma sessão com os pais para contar a evolução dos atendimentos e ouvir como a criança está se comportando em casa. Na verdade, durante o processo psicoterapêutico essa participação pode ocorrer de diversas formas, com encontros semanais, quinzenais ou mensais; com entrevistas com pai e mãe juntos; com entrevistas só com o pai ou só com a mãe, ou mesmo com outro familiar cujo vínculo seja significativo para o paciente; com atendimento conjunto da criança com ambos os pais, ou com um dos pais. Não existe pré-definido, existem muitas possibilidades que vão sendo construídas conjuntamente pelo terapeuta, pelo paciente e pelos pais. O importante é criar um vínculo com a família do seu paciente. Costumo dizer aos pais dos meus pacientes, que o meu trabalho só funciona com o apoio e a parceria deles. Não existe terapia infantil sem a participação da família e da disponibilidade desta de abrir e, às vezes, modificar algumas características da dinâmica familiar. Portanto, em nossa prática clínica cotidiana, devemos buscar formas de melhor oferecer esse atendimento e incluir os pais no processo terapêutico.
Simone Mendes – psicóloga, especialista em TCC e cuidado infantil.